terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A Farsa do Conselho Municipal de Saúde de Santos II

Após a manipulação das eleições para a diretoria do Conselho de Saúde de Santos, de modo que os mesmos que estão lá há mais de 10 anos continuem tomando conta do Conselho, essas pessoas continuam manipulando para que o Conselho não seja um espaço de controle social e seja simplesmente uma burocracia atrelada a gestão.

Na última reunião do Conselho (28/01/2014), durante a eleição para as comissões do Conselho, mais uma vez se favoreceu a gestão, pois a votação não foi por segmento! Assim, para escolher os representantes dos usuários nas comissões, a diretoria executiva permitiu que os gestores também votasse e assim participasse da escolha dos usuários. Porém, para a escolha dos gestores não foi permitido a participação dos usuários, sendo que somente a gestão tinha o poder de escolha.

Isso deixa mais uma vez claro como essa diretoria executiva, que vem se perpetuando no poder há mais de 10 anos, está aliada com a gestão e não com os interesses dos usuários do SUS. Transforma o Conselho de Saúde de Santos numa grande farsa! Um espaço que deveria ser de controle e participação da população sobre a gestão do SUS é transformado num espaço meramente burocrático, onde não há nenhuma discussão sobre os problemas da cidade, e serve somente para aprovar as contas e convênios da prefeitura, sem nenhuma apresentação e discussão!

O Fórum Popular de Saúde é um espaço amplo, independente de governos e partidos, aberto para usuários e profissionais da saúde, estudantes, trabalhadoras e trabalhadores, movimentos sociais e sindicatos que vem buscando organizar na Baixada Santista a luta em defesa da saúde pública, contra a lógica privatista e manicomial.

domingo, 26 de janeiro de 2014

A Farsa do Conselho Municipal de Saúde de Santos


Iniciou-se uma nova gestão do Conselho Municipal de Saúde de Santos, porém de novo não tem nada!

As mesmas pessoas se mantém no poder há anos, e um espaço que deveria ser de participação dos usuários da saúde, para cobrar um SUS de qualidade e apontar as prioridades para nosso município, se transformou num espaço burocrático, que só serve ao poder público, pois, por lei, os gastos da saúde precisam ser aprovados pelo Conselho.

Essas pessoas que estão lá há anos e se dizem representantes dos usuários manipulam as regras eleitorais para que não dê possibilidade de novas pessoas serem eleitas, e assim se perpetuam no poder, de forma aparentemente democrática.

Isso voltou a acontecer no dia 14/01/2014, primeira reunião dessa nova gestão, onde seria eleita a diretoria do Conselho.

Eles decidiram que a eleição seria por chapa, pois já tinham uma chapa formada, e assim não daria tempo para novos integrantes formarem uma chapa. Foram contestados pelo representante dos estudantes, que solicitou que se lesse o regimento do Conselho, e isso já deu o maior rebuliço, pois não tinham o regimento e nem sabiam o que ele determinava! Tentaram ganhar no grito, mas um deles, que havia formulado o regimento na gestão anterior lembrou que tinha o regimento no celular! Ao lerem o regimento, viram que nada fala sobre a eleição ser por chapa.

Então colocaram em votação, mas sem nenhum debate sobre as duas propostas e venceram, afinal a grande maioria dos conselheiros estão lá apenas para votar com a gestão.

Então se formou uma mesa eleitoral com a presidência do Secretário de Saúde, Marcos Calvo, que determinou que haveria 15 minutos para as pessoas montarem uma chapa e inscrevê-la!

Aí está a grande farsa! Como, em 15 minutos, pessoas que foram eleitas pela primeira vez vão conseguir se conhecer, conversar, apresentar suas propostas e definir uma chapa com 8 pessoas?

Essa é a grande farsa da democracia! Teoricamente é tudo feito com eleição, mas as regras privilegiam um determinado grupo a ganhar! Dito e feito, a única chapa inscrita foi a encabeçada pelos mesmos que mandam no Conselho há anos, que já tinham tudo articulado, inclusive com gestores!

O Conselho Municipal de Saúde deveria ser o espaço onde a população tem 50% das vagas, e com isso pudesse cobrar os gestores dos problemas na saúde em Santos.

Você já ouviu falar desse Conselho? Claro que não, pois ele está dominado por pessoas que estão lá para ajudar o poder público a esconder os problemas da saúde!

Venha ver essa farsa de perto e lutar contra isso: a próxima reunião será dia 28/01 às 18:30 na ATMAS, Rua São Paulo, 47.

sábado, 16 de junho de 2012

Drogas: pelo tratamento sem segregação


Apesar dos problemas causados pelas drogas lícitas, como o álcool e o tabaco, que são fonte de lucro de grandes empresas, serem conhecidos e reconhecidos como os que mais trazem problemas para a sociedade, recentemente a mídia e o poder público vem alardeando o crack como uma epidemia e como um grande mal para toda a sociedade.

Porém, é preciso perceber que por trás desse alarde, estão propostas tentadoras e ilusórias de soluções milagrosas para o tratamento de pessoas que sofrem com o uso de drogas, como a internação involuntária e a segregação em Comunidades Terapêuticas.

E por trás dessas propostas, de um lado está o interesse econômico de grupos privados no financiamento pelo Estado das internações de longa duração em Comunidades Terapêuticas, e do outro, o interesse político de falsa soluções populistas, que visam somente esconder o problema da sociedade, e não realmente tratá-lo.

Desde os anos 80, os trabalhadores da saúde mental lutam para transformar o modelo de tratamento das pessoas com sofrimento mental, de um modelo onde não havia tratamento, e sim a exclusão das pessoas da sociedade, que eram internadas e devido a exclusão ficavam mais doentes, mas que dava muito lucro para os donos dos hospitais psiquiátricos, para um modelo de tratamento comunitário, através de uma rede pública diversificada e territorializada de serviços que ofertem cuidados diferentes para as diferentes situações, como leitos em hospital geral para os casos de desintoxicação e abstinência grave, Centros de Atenção Psicossocial 24h (CAPS ad III), Casas de Acolhimento Transitório, Centros de Convivência, equipes de Consultório de Rua, equipes de saúde mental na atenção básica, entre outros.

Santos foi uma das cidades pioneiras nessa mudança, quando nos anos 90, fez a intervenção num grande Hospital Psiquiátrico, e construiu um modelo substitutivo a esse hospital, com 5 Núcleos de Atenção Psicossocial 24h, o Centro de Convivência Tam-Tam, uma Unidade de Reabilitação Psicossocial, um Lar Abrigado, uma Cooperativa de trabalho, um Núcleo de Atenção ao Toxicodependente e uma retaguarda de atendimento psiquiátrico de emergência no Pronto-Socorro.
Passados 20 anos, essa rede substitutiva, além de não ter sido ampliada, vem sendo sucateada, com falta de materiais para realizar as atividades, com imóveis deteriorados sem manutenção, e principalmente com falta de profissionais para atender a uma demanda cada vez maior, sobrecarregando os profissionais, que ficam desgastados, levando a muitos pedirem demissão, causando uma alta rotatividade de profissionais, e a piora de qualidade dos serviços.

Assim, em vez de investir nesses serviços para que tenham as condições adequadas para um bom atendimento, e ampliar essa rede de serviços, vem se buscando contratar serviços privados e isolados, que visam mais lucrar com o sofrimento das pessoas do que cuidar da saúde.

Um exemplo disso é o SENAT II, que em 2005 foi prometido que seria construído na Zona Noroeste, em 2008 recebeu uma verba federal de R$400.000,00 para a construção, e até hoje, 2012, nada foi feito!

Se a Rede de Atenção Psicossocial para problemas com álcool e outras drogas fosse implantada, e com qualidade, e se houvesse a integração com as outras políticas públicas, como lazer, cultura, educação, trabalho, entre outras, as pessoas com problemas com drogas teriam a oportunidade de superar essa situação com dignidade!

Mas será que estão preocupados com o cuidado e a dignidade das pessoas, ou com seus interesses privados, de lucros e eleições?

Trancar não é tratar! Recolher não é acolher!

Saúde não se vende, louco não se prende! Quem tá doente é o sistema social!


Lutar por uma sociedade que produza saúde!
Combater uma sociedade que produz doença!

É preciso ter clareza de que vivemos hoje em uma sociedade em que uma minoria tem a possibilidade de viver bem, ao passo que uma grande maioria encontra-se em condições de vida precária, dependentes de trabalhos cada vez mais precarizados, tendo como exemplo disso o crescimento de trabalhos informais ou terceirizados.

Se fosse realmente interesse de nossos governantes preocupar-se com a saúde das pessoas, certamente o investimento seria voltado para qualidade nos serviços públicos de saúde, regidos sob a lógica do convívio social, da solidariedade, da autonomia, e de propiciar condições para uma saúde plena. Ao contrário disso, o que vemos é uma preocupação muito maior em sustentar banqueiros e empresários. Um exemplo disso são os Megaeventos que acontecerão no Brasil e as políticas de incentivo ao consumo, como o crédito.

E não se trata só do descaso com os serviços de saúde, mas toda a sociedade. Atualmente, temos uma sociedade onde a lógica manicomial está presente em diversos mecanismos de opressão, no trabalho, na educação, no transporte, na prisão, na discriminação contra negros, homossexuais, mulheres...

É por isso que a Luta Antimanicomial deve vir acompanhada da luta pela Reforma Sanitária, e para além disso, a luta por uma sociedade que produza saúde, que supere essa relação de exploração e opressão. É preciso reconstruir os movimentos populares de saúde como os da década de 80, vinculada a outros movimentos populares, sindical e estudantil, e que reconhecia a importância de lutar por uma saúde de qualidade, mas também lutar pela reforma agrária, pelo não pagamento da dívida e outras importantes lutas!

O Fórum Popular de Saúde é um espaço amplo, independente de governos e partidos, aberto para usuários e profissionais da saúde, estudantes, trabalhadoras e trabalhadores, movimentos sociais e sindicatos que vem buscando organizar na Baixada Santista a luta em defesa da saúde pública, contra a lógica privatista e manicomial. 

 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

18 de maio – Dia da Luta Antimanicomial - A luta pela reforma psiquiátrica não pode parar!


Em 1987, trabalhadores da saúde mental se reuniram na cidade de Bauru para denunciar a exclusão e a discriminação com que eram tratadas as pessoas em sofrimento psíquico, cujo único destino era o recolhimento em manicômios, visando segregar essas pessoas da sociedade e utilizar de pseudo-tratamentos para docilizar os pacientes, geralmente através de métodos violentos, como eletrochoque, camisa de força, dopagem farmacológica etc. Além disso, grande parte dos ditos hospitais psiquiátricos eram financiados pelo Estado brasileiro, sendo fonte de lucro para empresários.

Passados 25 anos do que foi chamado de Luta Antimanicomial e Reforma Psiquiátrica, apesar dos avanços, a rede substitutiva de saúde mental ainda não foi totalmente implantada; o número de leitos para internações breves são muito aquém do recomendado. Os CAPS 24h, que deveriam possuir leitos para internações breves em casos de crises ainda existem num número muitíssimo reduzido (somente 64 em todo o país!). Além disso, os serviços que existem estão sendo precarizados, tendo sua equipe reduzida e sem infraestrutura para realizar suas atividades.

Santos é uma cidade exemplo desse cenário. Já foi exemplo mundial de Reforma Psiquiátrica, onde houve intervenção municipal sobre um manicômio que foi extinto, sendo substituído por 5 CAPS 24h. Entretanto, a falta de investimento nessas unidades de saúde fez com que elas ficassem sucateadas, sem equipes para funcionar adequadamente durante as 24h e sem infraestrutura para realizar as atividades. O que vemos hoje são equipes sobrecarregadas e desmotivadas, com alta rotatividade, e usuários com crises constantes.

O sucateamento dos serviços públicos de saúde vem sendo utilizado para justificar a terceirização dos serviços para o setor privado. Esse processo de terceirização das responsabilidades do setor público para o setor privado vem causando a quebra dos processos de implementação do SUS e da Reforma Psiquiátrica. Uma gestão não pautada pelas ações em rede, pela co-responsabilidade, pela relação com serviços de inserção comunitária (educação, trabalho e habitação) e de caráter privado (diminuindo consideravelmente o controle social sobre recursos, procedimentos e prioridades do serviços) denuncia este risco.

A mesma lógica manicomial vem se repetindo com as pessoas que tem problemas com álcool e outras drogas, e observa-se cada vez mais o tratamento sendo regido por concepções religiosas e de forma moralista. O poder público está começando a financiar as tais Comunidades Terapêuticas, que são entidade privadas que se utilizam do isolamento social e muitas vezes de práticas religiosas e de moralismos como suas formas de pseudo-tratamento.

Já se passaram 25 anos e se propagandeia a ideia de que a reforma psiquiátrica não conseguiu dar conta e com isso justificam um suposto “retorno” a lógica manicomial. No entanto, temos que ter claro de que, apesar de alguns avanços, a reforma psiquiátrica em nenhum momento se concretizou de fato, a lógica manicomial em nenhum momento foi superada e que devemos lutar pela continuidade de uma política integralmente antimanicomial!

Trancar não é tratar! Recolher não é acolher!

Saúde não se vende, louco não se prende! Quem tá doente é o sistema social!


Lutar por uma sociedade que produza saúde!
Combater uma sociedade que produz doença!

É preciso ter clareza de que vivemos hoje em uma sociedade em que uma minoria tem a possibilidade de viver bem, ao passo que uma grande maioria encontra-se em condições de vida precária, dependentes de trabalhos cada vez mais precarizados, tendo como exemplo disso o crescimento de trabalhos informais ou terceirizados.

Se fosse realmente interesse de nossos governantes preocupar-se com a saúde das pessoas, certamente o investimento seria voltado para qualidade nos serviços públicos de saúde, regidos sob a lógica do convívio social, da solidariedade, da autonomia, e de propiciar condições para uma saúde plena. Ao contrário disso, o que vemos é uma preocupação muito maior em sustentar banqueiros e empresários. Um exemplo disso são os Megaeventos que acontecerão no Brasil e as políticas de incentivo ao consumo, como o crédito.

E não se trata só do descaso com os serviços de saúde, mas toda a sociedade. Atualmente, temos uma sociedade onde a lógica manicomial está presente em diversos mecanismos de opressão, no trabalho, na educação, no transporte, na prisão, na discriminação contra negros, homossexuais, mulheres...

É por isso que a Luta Antimanicomial deve vir acompanhada da luta pela Reforma Sanitária, e para além disso, a luta por uma sociedade que produza saúde, que supere essa relação de exploração e opressão. É preciso reconstruir os movimentos populares de saúde como os da década de 80, vinculada a outros movimentos populares, sindical e estudantil, e que reconhecia a importância de lutar por uma saúde de qualidade, mas também lutar pela reforma agrária, pelo não pagamento da dívida e outras importantes pautas!

O Fórum Popular de Saúde é um espaço amplo, independente de governos e partidos, aberto para usuários e profissionais da saúde, estudantes, trabalhadoras e trabalhadores, movimentos sociais e sindicatos que vem buscando organizar na Baixada Santista a luta em defesa da saúde pública, contra a lógica privatista e manicomial. 


 
Contato:



Próxima reunião: 23/05/12, quarta-feira, 18h30
Na UNIFESP – Campus Baixada Santista.
Unidade II - Ponta da Praia - Av. Saldanha da Gama, 89
 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Todo apoio à categoria dos trabalhadores estaduais da saúde que escolheram lutar!

“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores,matam nosso cão,e não dizemos nada.
Até que um dia,o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,rouba-nos a luz, e,conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada”.
Fragmento de um poema de Eduardo Alves da Costa chamado “No caminho com Maiakóvski”

A greve da saúde estadual já passou do décimo dia. Momento tenso e importante de uma categoria que é muita lutadora! Tão lutadora que na greve trabalha muito mais: faz mobilização, fica fora do serviço com a escala mínima, faz assembléias, atos, uma grande manifestação na Avenida Paulista, panfletagens. Mas atende sim pacientes e não faz isso por medo, mas por ter clareza de não querer prejudicar a população.
 
Aí vai se formando o dilema. Em uma greve, por exemplo, em uma fábrica de carros, o trabalhador interrompe a produção e o prejuízo é do patrão, o que o força a negociar. No serviço público e mais especificamente o da saúde esta lógica não serve. Na greve o prejuízo não é do “patrão”, no caso o governador Alckmin, e sim da população. Podemos imaginar que prejudicando o acesso da população aos serviços isso prejudicaria o governador. Teoricamente sim, se fosse um governo comprometido e que se importasse com a população que utiliza o serviço. Mas não! Este governo não esta nem aí para quem não será atendido, despreza a população como igualmente faz com o trabalhador.
 
Então a tática do governo, aliás copiada do Serra que agora quer ser prefeito, é fingir que a greve não existe. Deixar o trabalhador falando sozinho, ou melhor, não falando nada. Mas isso a categoria já deixou claro que não vai acontecer!
 
Sabe por que? Porque a situação é absurda. É uma das categorias que mais sofreu nos últimos anos: sem aumento há mais de 10 anos, com um salário base muito abaixo do salário mínimo, perda de direitos como aumento da carga horária, perda do adicional por insalubridade, ticket alimentação vergonhoso e ainda por cima entrega de serviços, do nosso SUS que tanto lutamos, para entidades privadas que estão fazendo lucro à custa de sofrimento dos usuários.
 
Durante todo este tempo a categoria, através do Sindsaúde, foi muito responsável. Primeiro há muito tempo se dispondo a negociar. Mas pouco se avança, pelo contrário, são muitos retrocessos. Depois fizeram manifestações para avisar que não estavam contentes. O terceiro momento foi avisar com bastante antecedência que a situação estava insuportável e que seria realizada a greve. E nada do governo! Chegou à greve da categoria com participação, indignação, mas tentando não prejudicar muito a população do Estado de São Paulo. E o que o governo faz? Desconsidera o movimento, mente para a população através da mídia dando a entender que nos deu aumento de 40% quando na verdade isso não aconteceu. Solta boatos de corte de pontos para desmobilizar os trabalhadores.
 
Mas o que fazer para o governo entender que a paciência desta categoria acabou?
 
Na verdade o governo quer jogar a população contra os trabalhadores da saúde, o que seria a maior das injustiças e que vamos lutar contra isso. E, queremos deixar claro, o governo tem obrigação de apresentar uma proposta. Caso não, será inteiramente o responsável pelas consequências, pois está claro que os trabalhadores não deixaram que sua voz seja levada e já escolheram lutar por mais do que todas as reivindicações, por dignidade!
 
Todo apoio a greve da saúde estadual!
 
Segue abaixo o poema completo citado acima.
Paulo Spina
Trabalhador e delegado sindical de base do Sindsaúde no CAISM Água Funda, militante do PSOL e do Fórum Popular de Saúde
Maria Aparecida dos Santos
Diretora Regional do SindSaúde Baixada Santista, militante do PSOL e do Fórum Popular de Saúde


No Caminho, com Maiakóvski
Eduardo Alves da Costa

Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de me quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas manhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

sábado, 28 de abril de 2012

28 de abril - Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho


Apesar de entidades públicas e privadas se referirem a essa data como o Dia Mundial da Saúde e Segurança no Trabalho, encobrindo assim o verdadeiro motivo de relembrar esta data, fazemos questão de trazer a tona o fato histórico que marcou esse dia. No ano de 1.969, setenta e oito operários morreram numa explosão de uma mina nos EUA. De lá pra cá, continuamos todos os anos tendo notícias de acidentes em minas, assim como ainda hoje milhares de trabalhadores morrem, são mutilados, sofrem de doenças físicas e psíquicas causadas pelo trabalho.
Segundo divulgado em 2011 pela Organização Internacional do Trabalho, no mundo são trezentos e dezessete milhões de vítimas de acidentes de trabalho por ano, o que representa aproximadamente 4,5% da população mundial. Cento e sessenta milhões sofrem com doenças relacionadas ao trabalho. Por dia, o trabalho mata 6 mil trabalhadores, são quatro vidas que se vão a cada minuto. No Brasil, os dados oficiais anunciam que são quase 3 mil mortes por ano em decorrência de acidentes de trabalho, mas estima-se que o dado real seja pelo menos 3 vezes maior.
Esses dados nos chamam a atenção para a realidade em que nós, trabalhadores, vivemos, seja no chão de fábrica, no cais do porto ou nos escritórios, todos estamos sujeitos às armadilhas do mundo do trabalho. Estamos submetidos às regras do mercado, onde a produtividade e o lucro sobrepõe-se à saúde do trabalhador. Enquanto trabalhamos sob pressão extrema, expostos ao assédio moral, às jornadas estendidas e má remuneração, tendo assim a saúde prejudicada, alguns poucos lucram com essa situação.
Nós, enquanto estudantes, trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde, participantes do Fórum Popular de Saúde da Baixada Santista, entendemos que somente um SUS de verdade, realizado pelo serviço público, com os princípios da integralidade, da universalidade e da equidade garantidos, e com a visão de que as políticas sociais e econômicas devem garantir à redução do risco de agravos à saúde, é possível lutar para que a saúde do trabalhador esteja acima de qualquer lógica de mercado. Para além disso, consideramos que não se podem propiciar condições melhores de saúde sem considerar que a atual forma de organização do trabalho é a responsável pelo adoecimento e morte dos trabalhadores e, portanto, deve ser questionada e transformada.

 "As tragédias deixam claro
O que deve ser mudado,
A comparação é feita
Quando o pretérito é lembrado,
O presente é refletido
E o futuro é preparado."
Literatura de Cordel
Antônio de Lisboa e Edmilson Ferreira

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Conselho de Saúde critica mudança do CEREST e pauta para a próxima reunião

A mudança do CEREST, que havia sido pautada pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) como informe da Secretaria de Saúde, acabou numa grande discussão, com vários conselheiros questionando a mudança e a justificativa da Secretaria de Saúde para fazer isso.

O representante do Sindicato dos Rodoviários questionou o argumento da Secretaria de Saúde de que no novo local há mais linhas de ônibus. José Ivo, que trabalhou como motorista nas linhas municipais durante muitos anos, citou as linhas que passam em ambos os lugares e deixou claro que a av. Conselheiro Nébias é muito mais servida de linhas de ônibus que o Canal 1.

O representante dos trabalhadores, Rubens Panico, questionou o fato de um trabalhador do CEREST, que se posicionou contra a mudança do CEREST, tenha sido transferido da unidade logo após isso. Ele argumentou que este trabalhador possui especialização em Saúde do Trabalhador, e a transferência desse trabalhador para outra unidade só irá prejudicar o serviço público, pois no CEREST ele poderia prestar um serviço muito melhor devido sua especialização.

O presidente do CMS, Luiz Antonio, colocou o risco dessa permuta ser questionada na justiça, visto estar beneficiando claramente uma clínica privada.

O Fórum Popular de Saúde da Baixada Santista se posicionou contra a mudança do CEREST, deixando claro que, se tal mudança ocorrer, mais uma vez o interesse privado estará sendo privilegiado em relação ao interesse público.

Após grande discussão, ficou decidido que a diretoria executiva irá fazer uma reunião ampliada com a presença da CIST e dos trabalhadores do CEREST para aprofundar o assunto, e será novamente pauta da próxima reunião do Conselho de Saúde.